Médica e candidata a vereadora em S.Caetano atendia vítimas de Saul Kein, diz site
Portal Uol publicou reportagem em que diz que Dra Silvia Petrelli foi apontada por várias mulheres ao MP como a responsável pelo tratamento domiciliar de supostas vítimas do empresário; médica nega
- Médica Silvia petrelli ao lado de Saul Klein durante a pré-campanha a vereadora em São Caetano.
Foto: Reprodução/Facebook Drra. Silva Petrelli
- Por: Gislayne Jacinto
- Publicado em: 30/04/2021
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Portal Uol publicou reportagem em que diz que Dra Silvia Petrelli foi apontada por várias mulheres ao MP como a responsável pelo tratamento domiciliar de supostas vítimas do empresário; médica nega
As denúncias de estupro e aliciamento supostamente praticados por Saul Klein, filho do fundador das Casas Bahia e candidato a vice-prefeito em São Caetano na chapa de Fabio Palacio (PSD) nas últimas eleições, ganhou mais um capítulo na série de reportagens veiculadas desde o fim de 2020 pelo Portal Uol, do grupo Folha. Segundo o site, dra. Sílvia Petrelli, que foi candidata a vereadora pelo PSD em 2020 (obteve 302 votos), foi apontada por várias mulheres ao Ministério Público como a responsável pelo tratamento domiciliar de diversas infecções sexualmente transmissíveis que as vítimas teriam contraído por serem obrigadas a fazer sexo sem preservativo.
De acordo com o site, em matéria veiculada nesta sexta-feira (30/04) com a manchete “Tragédia: recrutada na escola, uma das preferidas de Klein morreu aos 22 anos”, a médica teria atendido uma jovem “que tinha expelido um corpo estranho de dentro da vagina”. Segundo o UOL, a jovem estava há três dias dentro do quarto sem sair, e teria convencido o empresário da gravidade da situação. Ao invés de ser levada ao hospital, teria sido encaminhada para a casa de Klein e colocada em um quarto privativo. Foi aí que a médica de São Caetano teria ido até lá.
A reportagem do ABCD Jornal procurou a médica em seu consultório para ela se posicionar e a secretária informou que passaria o recado, mas até o fechamento dessa reportagem não havia dado retorno.
Ao Uol, a médica disse que jamais praticou ou presenciou qualquer ato ilícito. “Demonstrei isso à delegada de Barueri [responsável pelo inquérito policial] e nada mais tenho a comentar a respeito”, disse Silvia Petrelli ao Portal.
Segundo o site, na carta enviada a Klein, em 2017, Sabrina (nome fictício da jovem que se suicidou) dizia que o episódio havia sido traumático e que tinha certeza de que havia sofrido um aborto espontâneo. Ela deixaria de participar do suposto esquema poucos meses depois. Em setembro do ano passado, a garota se matou.
Campanha
A medica relatou sua proximidade com Saul Klein em postagem feita em 6 de agosto do ano passado. Ela publicou uma foto ao lado do candidato a vice-prefeito e colocou a seguinte mensagem:
“Fico muito feliz em saber que Saul klein, me apoia como pré-candidata a vereadora, pela nossa querida cidade de São Caetano do Sul. Fico muito honrada , porque tudo começou com S.r Samuel Klein, um imigrante polonês que iniciou como mascate vendendo produtos de porta em porta e, em 1952, foi fundada “Casas Bahia “, a Matriz em São Caetano do Sul, fixando residência no Bairro Fundação. Temos muitas coisas em comum, a simplicidade, humildade, o Amor ao próximo, e a vontade de querer lutar por uma cidade melhor, sabe o que é iniciar a vida começando por baixo, e também fui médica da família no Bairro Fundação. Obrigada Saul Klein pela confiança”, postou a médica que sempre foi muito respeitada na cidade.
Reportagem
Nesta sexta-feira, o site veiculou uma matéria de capa na qual apresenta o depoimento de nove mulheres sobre um esquema de exploração sexual e ainda revelou detalhes sobre o aliciamento e o suicídio dessa jovem.
A advogada do caso disse ao portal que todas as jovens pareciam ter em comum a vulnerabilidade. “Estavam sozinhas e em busca de dinheiro e algumas tinham histórico de violência doméstica na família. Uma me contou que já havia sido vítima de estupro. A relação estabelecida com Klein era abusiva a tal ponto que uma delas disse que ele tinha por ela um ‘amor de pai’, sendo que o pai dela a agredia quando era mais nova”, disse.
Esquema
As mulheres relataram à Universa do Uol que eram procuradas por agências nas redes sociais. As agenciadoras contratadas pelo empresário procuravam sempre o mesmo perfil: meninas novas, magras e sem peito. Eram oferecidos trabalhos como modelos, para fazer presença em festas ou serem acompanhantes de um empresário. Os cachês iam de R$ 2 mil a R$ 4 mil.
Os documentos conseguidos pelo Portal mostram que Klein se comprometeu a pagar R$ 800 mil pelo silêncio de três vítimas – dois contratos foram confirmados pelo empresário, enquanto o terceiro ele alegou que teria sido falsificado e conseguiu vitória na primeira instância.
De acordo com o relato das mulheres, elas eram levadas para uma “entrevista” com Saul Klein e nesses encontros (na casa em Alphaville ou em um sítio em Boituva ou em um flat na Capital paulista). As meninas disseram ainda que eram obrigadas a ficar nuas e eram apalpadas pelo empresário. Quando estavam lá, diziam que, caso não tivessem relações sexuais com o Klein, não receberiam o pagamento. As vítimas denunciam que ele se recusava a usar preservativo.
Conforme o portal, se fossem “escolhidas” para o trabalho, ficavam hospedadas na mansão de Saul Klein. Outra acusação é de que as agenciadoras davam documentos falsos para as vítimas – algumas eram menores de idade – e as orientavam a contar novas histórias, inclusive algumas tinham que se passar por “menininhas virgens”. Segundo relato, os celulares delas eram apreendidos e elas deveriam ficar disponíveis para Klein 24 horas por dia. Seguranças armados vigiavam as mulheres e controlavam o peso delas.
Durante a campanha eleitoral do ano passado, a denúncia de exploração sexual de vulnerável veio à tona, quando o próprio Saul apresentou à Justiça Eleitoral uma certidão que apresentada que ele tinha sido alvo de investigação em inquérito policial.
Defesa
Ao Uol, a defesa de Saul Klein negou todas as acusações e afirmou que o empresário é vítima de um esquema de uma dona da agência. Os advogados declararam que Klein agia como um “sugar daddy”, mas que não havia qualquer tipo de violência e que as relações sexuais, quando ocorriam, eram consensuais.
A dona das Casas Bahia, a Via Varejo, afirmou que Klein não tem mais qualquer ligação com a empresa. Atualmente, o empresário está envolvido no ramo do futebol e é dono da equipe Ferroviária.