Gaeco deflagra Operação Lix em S.Bernardo e secretaria de vice-prefeito é alvo
MP diz que investigações também envolvem supostas fraudes em licitações e foram apreendidos R$ 143,5 mil na residência de agentes políticos
- Marcelo Lima foi afastado de suas funções presenciais e ficará isolado por 14 dias.
Foto: Divulgação
- Por: Gislayne Jacinto
- Publicado em: 24/04/2019
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MP diz que investigações também envolvem supostas fraudes em licitações e foram apreendidos R$ 143,5 mil na residência de agentes políticos
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), com apoio do Batalhão de Ações Especiais da PM (Polícia Militar), realizou na manhã desta quarta-feira (24/04) a “Operação Lix”. De acordo com o MP (Ministério Público), trata-se do terceiro desdobramento de operação anterior, denominada “Operação Barbatanas”, tendo “como objetivo combater crimes de organização criminosa, dispensa ilegal de licitação, corrupção passiva e corrupção ativa”
Ao todo, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão, um na capital e cinco em São Bernardo. Na cidade, os mandados foram cumpridos em uma empresa, na Secretaria de Serviços Urbanos da Prefeitura, comanda por Marcelo Lima, vice-prefeito de Orlando Morando (PSDB), além de dois endereços residenciais de agentes públicos e dois endereços residenciais de pessoas vinculadas à empresa também alvo da operação.
Na residência de um dos agentes públicos houve a apreensão de R$ 135 mil em dinheiro, mas o Ministério Público não divulgou o nome. Já na residência do outro agente público foram apreendidos cerca de R$ 8,5 mil em dinheiro, que foram depositados em conta judicial e aguardam eventual comprovação da licitude da origem. “Ademais, ainda foram apreendidos oito computadores, cinco celulares, cinco HD’s, cinco pendrives e documentos diversos”, informou o MP ao acrescentar que as investigações continuam e permanecem sob sigilo..
A Prefeitura foi procurada, mas até o fechamento da reportagem não havia dado retorno para se posicionar sobre a Operação do Gaeco, realizada nesta quarta na Secretaria administrada pelo vice-prefeito.
Vereadores afirmaram que uma reunião extraordinária deve ocorrer nesta quinta-feira (25/04), às 17h, entre o prefeito e a bandada de sustentação para tratar da questão.
Denúncia
Essa não é a primeira polêmica que envolve o vice-prefeito Marcelo Lima. No ano passado, a Polícia Civil de São Bernardo iniciou investigação de denúncia de “compra de apoio” que na época ele era candidato a deputado federal. A acusação foi feita pela assessora parlamentar do deputado federal Alex Manente (PPS), Carolina Nunes Petrolini Neta. De acordo com a denunciante, o vice-prefeito teria levado até ela R$ 30 mil em espécie.
Para provar a denúncia, a assessora do deputado entregou à polícia as cédulas e também o seu aparelho celular, no qual teriam mensagens que provariam a negociação para a entrega, em mãos, do dinheiro.
O vice-prefeito de São Bernardo negou o fato na época e gravou um vídeo atribuindo a acusação ao grupo político adversário dele na cidade.
Outros casos
Ainda no governo de Orlando Morando houve dois problemas envolvendo secretários. Durante a operação Prato Feito da Polícia Federal, deflagrada em 8 de setembro do ano passado, em São Bernardo e Mauá, houve a denúncia de problemas em contratos com merenda escolar. O fato provocou a demissão do então secretário de Assuntos Governamentais Carlos Roberto Maciel.
Ocorre que, de acordo com a PF, o empresário Fábio Favaretto, genro de Carlos Maciel, atuaria como um dos lobistas, que supostamente praticariam o crime de tráfico de influência ou de corrupção ativa, mediando os interesses dos empresários junto aos prefeitos, seus assessores e/ou secretários, garantindo-lhes pagamento de vantagem indevida mediante a promessa de futuros contratos públicos a serem estabelecidos em favor dos empresários. Fábio é dono da empresa Le Garson Alimentação e Serviços Ltda, que atuava na cidade.
Antes do caso envolvendo Maciel, já havia sido demitido Mário de Abreu que foi secretário de Gestão Ambiental da Prefeitura, de janeiro a outubro de 2017. A acusação do Ministério Público é de que Mário de Abreu, que é vereador afastado na cidade, supostamente “venderia cargos” e licenças ambientais na cidade. O TJ (Tribunal de Justiça) chegou a decretar a prisão do parlamentar, mas o parlamentar recorreu.