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Estado pode usar Hospital de Urgências S.Bernardo para pacientes com coronavírus

Informação foi dada pelo Coordenador do Centro de Contigência do coronavírus em São Paulo, o médico infectologista David Uip

  • Hospital de Urgências de São Bernardo está com quase 100% das obras concluídas e terá 250 leitos .
    Foto: Divulgação/PSBC-Ricardo Cassin
  • Por: Gislayne Jacinto
  • Publicado em: 12/03/2020
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Informação foi dada pelo Coordenador do Centro de Contigência do coronavírus em São Paulo, o médico infectologista David Uip

Hospital de Urgência de São Bernardo está com quase 100% das obras concluídas e terá 250 leitos . Foto: Divulgação/PSBC-Ricardo Cassin

 

O Governador João Doria anunciou nesta quinta-feira (12) a ampliação das medidas de enfrentamento ao novo coronavírus em todas as regiões do estado de São Paulo. A principal delas é a reserva de mil novos leitos de UTI para o atendimento a casos do covid-19. Doria disse que não há razão para pânico e reforçou a importância da campanha de comunicação e prevenção para evitar o alastramento da doença.

O coordenador do Centro de Contigência do coronavírus em São Paulo, o médico infectologista David Uip, disse que o Hospital de Urgências de São Bernardo que está em fase de conclusão poderá ser utilizado pelo Estado para atender pacientes com a doença. O equipamento tem 250 leitos. O Hospital de Clínicas de São Bernardo também terá 40 leitos para quem estiver com a doença e precisar ser internado.

“É o que denominamos de rede de enfrentamento contra o vírus. São novas medidas de prevenção e medidas incrementais, como mais leitos, medicamentos, equipamentos e profissionais de saúde. Mais mil leitos de UTI serão disponibilizados no estado de São Paulo. Outra recomendação é aumentar os cuidados especiais com as pessoas de 60 anos”, afirmou Doria. “Neste momento, no dia 12 de março, não há nenhuma razão para pânico ou medidas extremadas no estado de São Paulo em razão do coronavírus”, acrescentou.

Doria concedeu entrevista ao lado do Prefeito de São Paulo, Bruno Covas, o Secretário de Estado da Saúde, José Henrique Germann Ferreira, e o Coordenador do Centro de Contigência do coronavírus em São Paulo, o médico infectologista David Uip. São 46 casos confirmados da doença no estado: 44 na capital, um em Ferraz de Vasconcelos e um em Santana de Parnaíba – ambas cidades da Grande São Paulo.

No momento, a prioridade é garantir atendimento a pessoas mais suscetíveis ao quadro grave do coronavírus, que são pessoas com idade a partir de 60 anos, portadores de doenças crônicas graves e imunodeprimidos, como pacientes que passam por quimioterapia. A meta é que os serviços de saúde das redes pública e privada estejam preparados para atender e orientar todos os pacientes com rapidez, segurança e qualidade.

O Governador também negou a necessidade imediata de medidas mais drásticas, como a suspensão de atividades em repartições públicas e escolas. Todos os eventos culturais, esportivos e religiosos que reúnem grande público estão mantidos tanto na capital como nas demais regiões do estado.

“Não é uma decisão de ordem política, o instinto de um governador ou uma medida de ordem administrativa. É de ordem sanitária e de saúde pública. Com o devido cuidado para não levar pânico para a população e nem antecipar processos [de isolar toda a população], porque os efeitos são extremamente nocivos para a vida das pessoas e a economia de uma região ou país. Temos que tratar disso com bom senso, equilíbrio e avaliações diárias”, disse Doria. “Não é razoável paralisar, de maneira precipitada, um estado com quase 46 milhões de habitantes”, completou o Governador.

O Coordenador do Centro de Contingência do coronavírus corroborou a decisão do Governo do Estado e reforçou a recomendação de cuidados diários para evitar o alastramento do coronavírus. “Não tem sentido você fechar o estado de São Paulo porque há 46 casos confirmados. Mas essa é a decisão para o dia 12 de março”, acrescentou.

 

Governador João Doria e sua equipe participaram de coletiva sobre medidas para combater o coronavírus

 

Protocolo de assistência

Na terça (17/03), o Centro de Contingência vai reunir diretores regionais de Saúde e de 100 hospitais da rede estadual para indicar os protocolos clínicos de atendimento a casos suspeitos ou confirmados. A meta é uniformizar os serviços e definir critérios para internação de pacientes com coronavírus nos leitos de UTI, inclusive na rede privada.

Monitoramento digital

Até o final de março, o Governo de São Paulo deve lançar um aplicativo para monitoramento digital de pacientes suspeitos ou confirmados com recomendação em isolamento domiciliar. O serviço será complementado por Telemedicina para avaliação por médicos nos casos necessários.

O objetivo é dar suporte especializado para quem deve permanecer em casa, evitando deslocamentos desnecessários a serviços de saúde e, consequentemente, a propagação do vírus. O serviço vai garantir o sigilo e a segurança do paciente, com encaminhamento adequado dos casos agravados.

 Compra de kits

O Estado também anunciou  nesta quinta (12) sete macromedidas para enfrentamento completo e eficaz ao novo coronavírus.

O plano visa garantir estrutura e assistência eficaz nos hospitais públicos sob responsabilidade do Estado e aumento da prevenção à doença. “É uma nova fase de combate ao vírus com decisões deste grupo de trabalho que mantém uma atividade diária de atenção e dedicação. Qualquer alteração necessária dos procedimentos para o enfrentamento à doença será objeto de deliberação deste grupo”, afirmou Doria.

A lista inclui criação de novos leitos SUS; compra de kits diagnósticos; aquisição de respiradores; reforço nos estoques de insumos hospitalares; esquema especial de gestão de leitos; treinamento de serviços de saúde para ativação de protocolo único de atendimento; e recomendações específicas para prevenção e atendimento aos idosos.

A primeira medida prevê a abertura de novos 441 novos leitos hospitalares estaduais para o atendimento a casos do covid-19, além de 600 sob responsabilidade da Prefeitura de São Paulo. Haverá 208 novos leitos de UTI e 233 de clínica médica com capacidade de assistência intensiva em unidades como Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Hospital das Clínicas e Incor, Conjunto Hospitalar do Mandaqui, Hospital Geral de Vila Penteado e Regional Sul, na capital; Padre Bento, em Guarulhos; Hospital Regional de Piracicaba, no interior, e Guilherme Álvaro, em Caraguatatuba, no litoral.

São Paulo também irá solicitar ao Ministério da Saúde a habilitação de 93 leitos de UTI que já estão em funcionamento por meio de custeio integral apenas com recursos do Estado e municípios.

O Governo de São Paulo também determinou a compra de kits com capacidade para até 20 mil testes do covid-19; aquisição de 200 aparelhos respiradores; e compra de insumos para profissionais de saúde dos hospitais estaduais, incluindo: 5 milhões de máscaras descartáveis, 15 milhões de luvas, 48 mil litros de higienizadores em gel e mil aventais, além de máscaras cirúrgicas e óculos descartáveis.

Outra medida é a elaboração de um esquema especial de gestão de leitos hospitalares na rede pública e, se necessário, na rede privada, podendo determinar a eventual suspensão de cirurgias eletivas (não urgentes) para priorizar a internação de pacientes com quadros respiratórios agudos e graves.

Também haverá treinamento para ativação de um protocolo único de atendimento em 100 hospitais estaduais para casos suspeitos ou confirmados da doença. Pessoas com mais de 60 anos de idade terão atenção especial porque estão mais vulneráveis a sintomas graves do covid-19.

“Como ainda não há vacina contra o novo coronavírus, precisamos fortalecer a rede para garantir atendimento adequado aos casos mais graves nos períodos de picos de transmissão, evitando mortes”, alertou David Uip.