Sua vivência com atos infracionais começou aos 14 anos, em decorrência do uso de drogas. Hoje ele utiliza o microfone e as letras de suas canções como armas a favor da educação. Djonatas também cantou para os adolescentes da unidade de Diadema músicas de autoria própria e conhecidas no mercado.
O “MC pela Educação” encontrou apoio e refúgio com Luis Mendes, do Instituto Noc Educação, que abriu as portas da própria casa para ajudar o jovem, após conhecê-lo durante uma de suas palestras. Mendes viu talento na voz e nas letras de Silva.
“A ideia foi inspirar e motivar os jovens do Casa Diadema, a partir de histórias reais, que eles pudessem desenvolver perspectivas de futuro e soubessem buscar as oportunidades quando saírem da Fundação. Além disso, procuramos despertar o senso crítico e potencializar as habilidades que cada um tem”, explicou Mendes.
Experiência própria
O fundador do Instituto Noc Educação também contou sua história de superação. Mendes cresceu na periferia da Zona Leste da cidade de São Paulo. Com muita batalha, graduou-se engenheiro em uma universidade pública e conquistou uma vaga numa multinacional, o que era um sonho de infância.
Na sua então breve carreira na Engenharia, ao ter a possibilidade de ir trabalhar na Itália pela mesma empresa, lembrou-se de onde vira e todos os amigos que perdera para a violência e a criminalidade. Resolveu deixar tudo para retornar às origens e auxiliar outras pessoas das mesmas “quebradas”.
“Não queria mais enterrar nenhum amigo, que nenhuma mãe enterrasse seu filho, nem que nenhum jovem fosse enterrado”, afirmou Mendes. Foi o passo para criar o Instituto, que tem o Projeto Universidade Cidadã, que desenvolve propostas de acesso universitário e de cidadania em comunidades da região de Santo André.
O coordenador e professor de matemática no Instituto, Victor Polillo, também conversou com os adolescentes do centro socioeducativo. Filho de uma professora, ouviu, aos 15 anos de idade, que não poderia sonhar em ser engenheiro porque sua vizinha afirmou que nunca vira um engenheiro negro na vida. Sua mãe, revoltada com o preconceito, foi taxativa: “Não deixe ninguém falar o que deve ou não deve fazer!”.
Polillo ingressou na faculdade de Engenharia em uma universidade pública, mas não gostou do curso. Encontrou-se na docência e tornou-se professor de matemática. “Vimos aqui hoje mostrar que sempre há outras opções”, resumiu.