Dia do Vira-lata: Cães e gatos SRD já estão em 40% dos lares brasileiros
31 de julho: Animais ganham data especial, mas ainda existem 30 milhões de animais abandonados no país
- Dia do Vira-lata: Apolo é um dos cães que cães que estão em 40% dos lares brasileiros.
Foto: Divulgação
- Por: Juliana Finardi
- Publicado em: 30/07/2022
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31 de julho: Animais ganham data especial, mas ainda existem 30 milhões de animais abandonados no país
Apolo, Ruthinha, Bowie, Melissa, Ravena e Boomer são simpáticos cãezinhos SRD (sem raça definida) que foram resgatados pelo projeto Cantinho dos Fofuchos (@cantinhodosfofuchos, no Instagram), uma organização independente que recolhe os animais, cuida, castra, divulga e disponibiliza para adoção. Por não serem mais filhotes (eles têm entre 3 e 5 anos), esses doguinhos “perdem” a preferência das famílias e vão crescendo na mesma proporção em que diminuem as chances de adoção.
Neste fim de semana, porém, um fio de esperança pode garantir um novo lar para os grandões órfãos (e os pequeninos também) que já representam cerca de 40% dos cães nos lares brasileiros, de acordo com levantamento de 2019 do Instituto Qualibest. É que, por ser comemorado o dia do Vira-Lata no domingo (31 de julho), uma série de eventos vai rechear as agendas do mundo pet.
A comemoração tem o objetivo de valorizar e incentivar a adoção dos cães e gatos SRDs, que ganharam o apelido de vira-latas por serem comumente vistos revirando latas de lixo em busca de alimentos para sobreviverem, quando abandonados ou nascidos nas ruas.
Um dos eventos, a famosa feirinha de adoção da rede de petshops Cobasi, com lojas por todo o país, acontecerá no ABC. A mais nova unidade de Santo André abriu espaço para que a protetora Olga Binder, 58 anos, leve seus animais resgatados para conhecer um humano candidato a tutor. Olga, que é inspetora de alunos, mantém o projeto com o salário que recebe da escola e conta com a ajuda de duas voluntárias que trabalham na divulgação e manutenção do Cantinho dos Fofuchos.
Foi em uma das feirinhas da Olga que a analista de departamento pessoal, Luciana Faria Santos, 40 anos, conheceu o Marley, um perfeito vira-lata caramelo com olhos de mel. Foi amor à primeira vista.
A moça conta que não pretendia adotar um cãozinho, já que tem uma turma de três gatinhos em casa que poderiam estranhar a presença de um representante da espécie canina. Foi até a feira apenas para ajudar a Olga com ração e cobertores. Porém, por motivos de muito amor, houve uma mudança de planos. Dócil, fiel e companheiro de home office da Luciana, Marley rapidinho passou a integrar a família Santos como se tivesse nascido por lá mesmo.
Quanto aos felininhos, ainda não teve contato direto, já que a casa é grande e eles permanecem em um gatil, por enquanto, durante a fase de adaptação, separados de Marley por uma grade. Em breve e, de acordo com as expectativas doguinho, muito em breve, o encontro “físico” com os irmãos gatos deve acontecer. Tudo a seu tempo, como prefere a tutora.
Porte e marca registrada dos vira-latas
Assim como o Marley e todos os grandões do início desta reportagem, atualmente no Brasil os cães SRDs de porte médio e grande se destacam como a maioria da população de rua e de animais disponíveis para adoção nas ONGs. Porém, isso não quer dizer que os cães de pequeno porte sejam mais difíceis de se encontrar.
“Na realidade, há também uma preferência dos tutores por cães SRD filhotinhos e de porte pequeno. Assim, esses animais ficam menos tempo disponíveis para adoção e nas ruas, o que nos passa essa sensação de que são mais difíceis de serem encontrados”, diz o veterinário da Cobasi, Pedro Giovannetti.
Você pode estar se perguntando: ‘mas, afinal, quando um animal é considerado sem raça definida?’ Segundo a médica veterinária e consultora da rede de farmácias de manipulação veterinária DrogaVET, Farah de Andrade, pode-se considerar sem raça definida os cães e gatos mestiços (animais provenientes do cruzamento de duas ou mais raças e que ainda apresentam características das mesmas).
“Animais nos quais já não é possível identificar o traço de alguma raça e também os cães com misturas propositais como, por exemplo, o labradoodle – cruzamento de labrador com poodle”, diz Farah.
Fato ou fake?
De todos os mitos que envolvem os vira-latas, talvez o mais enraizado na população brasileira seja aquele que diz que os animais sem raça definida dificilmente ficam doentes. É verdade ou mais um mito?
A veterinária da DrogaVET explica que filhotes de cães e gatos de raça não herdam apenas as características físicas dos pais, mas também toda a carga genética de doenças daquela raça e de seus genitores.
“Já os cães e gatos sem raça definida vêm de uma mistura de genes de raças diferentes e, quanto maior for essa mistura, menor carga genética das raças será herdada. Desta forma, os vira-latas podem ser considerados mais resistentes a doenças genéticas, porém isso não significa que não venham a desenvolver alguma delas”.
Mesmo assim, a maior resistência a doenças não deve dispensar os cuidados com a saúde dos vira-latas. “Os cães e os gatos sem raça definida são tão suscetíveis a doenças infectocontagiosas quanto os pets de raça, por isso cuidados com vacinação, controle de pulgas e carrapatos, prevenção de endoparasitas e uma alimentação saudável são fundamentais para eles também”, alerta Farah.
Vacinação para cães de moradores de rua
É exatamente pensando na saúde dos bichinhos que a OSCIP MRSC – Moradores de Rua e Seus Cães (@moradoresderuaeseuscaes, no Instagram) vai realizar mais um de seus eventos no domingo (31), exatamente o Dia do Vira-Lata.
Durante a ação, que acontecerá em frente ao Theatro Municipal de São Paulo, no centro da cidade, serão oferecidos banhos, vacinação, vermífugos e antipulgas para cães em situação de rua, além de comida e banho para os humanos tutores. A vacinação contará com o apoio da rede de petshops Petz.
“Diferente da crença popular, os animais sem raça também precisam de cuidados. Como não é possível conhecer a linhagem genética, não é possível classificar as características do sistema imunológico de cada um. Por isso, ter acompanhamento veterinário, cuidar da alimentação e bem-estar do pet é fundamental”, afirma Edu Leporo, presidente da MRSC.
Homenagem ao vira-lata caramelo
Os pets SRD ganharam a fama de serem muito amorosos, mas também de se envolverem em situações engraçadas. Os vira-latas caramelo, por exemplo, ilustram memes nas redes sociais e atualmente protagonizam a campanha de marketing da rede DrogaVET.
Com o tema “Vira-lata caramelo: mais que uma cor, uma prova de amor”, a marca desenvolveu diversas ações de marketing com o objetivo de valorizar e homenagear os pets. “Buscamos trazer toda a carga emocional a que o ícone vira-lata caramelo nos remete para criar uma campanha leve, divertida e cheia de emoção e interação”, revela o CEO da Deepzo, martech que atende a conta da rede de farmácias, Thiago Balero Joaquim.
A campanha envolve a criação de uma comunidade para apaixonados por vira-lata caramelo, na qual são divulgados conteúdos informativos e interativos e a possibilidade de realizar missões que acumulam pontos, denominados caramelos, que podem ser trocados por prêmios.
Reconhecida por oferecer aos tutores a possibilidade de manipular medicamentos veterinários com formas farmacêuticas e flavorizantes que agradam aos pets, a DrogaVET desenvolveu uma calda no sabor caramelo para complementar a campanha.
A marca também aproveita o Dia do Vira-lata para lançar dois minidocumentários: Meu Pet é uma Peça e Amor Além da Vida. Com histórias reais de influencers digitais e tutores de pets, os documentários revelam histórias divertidas e cheias de emoção de cães e gatos que já aprontaram alguma situação engraçada ou que são fundamentais para a saúde e o dia a dia de seus tutores.
“Temos certeza de que o público vai se identificar com algumas histórias, rir e também se emocionar. É uma forma de celebrarmos a relação de amor e amizade entre humanos e pets e essa data em especial”, completa Joaquim. Os audiovisuais estarão disponíveis no Youtube: www.youtube.com/drogavetsaudeanimal
A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que existam no país cerca de 30 milhões de animais abandonados. Destes, 20 milhões são cães e 10 milhões são gatos. Organizações de proteção animal acreditam que houve um aumento de cerca de 60% nos abandonos durante a pandemia.
Serviço:
A Cobasi de Santo André que realizará a feirinha de adoção no fim de semana fica na Praça Engenheiro Roldão dos Santos Ferreira, 447, bairro Paraíso. A feirinha acontecerá no sábado (30) e no domingo (31), das 13h às 18h30.
Quem quiser consultar os animais disponíveis, pode acessar o perfil do projeto no Instagram (@cantinhodosfofuchos) e entrar em contato com os responsáveis por lá. Para adotar um pet, é preciso comprovar espaço físico e condições para receber o bichinho. Ajuda financeira, com suprimentos para os animais e também voluntários que ofereçam lar temporário são bem-vindos.
O Theatro Municipal de São Paulo, que receberá a ação da MRSC em parceria com a Petz fica na Praça Ramos de Azevedo s/n, República, São Paulo. Para ajudar, pode-se entrar em contato com a OSCIP pelo instagram @moradoresderuaeseuscaes